jueves, 4 de diciembre de 2025


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Brasil-Internacional-Israel-Corrupção-Indulto. Bibi Netanyahu

 Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pede perdão e pressiona para encerrar processo por suborno e fraude, com apoio de Trump e Rejeição da Oposição.


Sem admitir Culpa e Sem se afastar do Cargo

 Lucas Toth  /  Vermelho

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, abriu uma crise política e institucional ao pedir que o presidente Isaac Herzog encerre o julgamento por corrupção que corre contra ele desde 2020.

A solicitação, encaminhada no último domingo (31) por sua defesa, tenta interromper três processos nos quais o premiê responde por suborno, fraude e quebra de confiança, em meio a um cenário de desgaste internacional, protestos internos e crescente instabilidade provocada pela guerra na Faixa de Gaza.

Isaac Herzog

A Presidência confirmou o recebimento do pedido e afirmou que vai analisá-lo com responsabilidade. Em nota oficial, o gabinete de Herzog declarou que se trata de uma solicitação “extraordinária, que carrega implicações significativas”.

O presidente disse que entende que o pedido “é profundamente desestabilizador para muitas pessoas em todo o país” e que não será movido por “retórica violenta”. Herzog afirmou que considerará apenas o “bem do Estado e da sociedade israelense”.

A iniciativa ocorre quando o julgamento chega a uma fase decisiva. Após cinco anos de audiências, a acusação concluiu sua etapa no verão de 2025, e Netanyahu passa por interrogatório no chamado Caso 4000, que apura se ele concedeu benefícios regulatórios ao grupo de telecomunicações Bezeq em troca de cobertura favorável no portal Walla. O premiê nega todas as acusações.

Netanyahu tenta transformar processo criminal em questão nacional

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Netanyahu afirmou que o encerramento imediato do julgamento ajudaria a reduzir as tensões internas. Ele disse que o processo se tornou “um foco de confrontos intensos” entre setores da sociedade e instituições israelenses.

Afirmou também que “o interesse público determina o contrário” da continuidade do julgamento e declarou que preferiria provar sua inocência até o fim, mas que a “realidade e o interesse nacional” exigiriam outro caminho.

No pedido entregue a Herzog, a defesa argumenta que as frequentes audiências prejudicam a capacidade de Netanyahu de governar e que um perdão seria positivo para o país.

Advogados afirmam que o julgamento estaria “destruindo Israel por dentro”. Netanyahu acusa o Ministério Público de utilizar métodos abusivos e afirma que houve “tentativa de encontrar provas para incriminar o primeiro-ministro”.

Há, no entanto, um elemento central que diferencia o caso atual de qualquer precedente:

Netanyahu não admite culpa. 

Israel costuma conceder perdões apenas após condenações, e não há tradição de indultos enquanto o julgamento ainda está em andamento. A única exceção ocorreu em 1986, no chamado Caso Linha 300, quando o então presidente Chaim Herzog perdoou antecipadamente agentes do Shin Bet envolvidos na morte de dois sequestradores. Naquele episódio, os responsáveis haviam assumido sua participação e o argumento principal era a preservação de segredos de Estado. Não é o caso de Netanyahu.

Pressão de Trump reforça peso político de indulto inédito

A solicitação de Netanyahu ocorre poucas semanas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviar uma carta oficial a Herzog defendendo o perdão. Trump escreveu que considera o julgamento do premiê israelense uma “perseguição política injustificada” e pediu que o presidente israelense encerre o processo.

Donald Trump

Em visita a Israel em outubro, o republicano já havia defendido publicamente a medida em discurso no Parlamento isralense.

Ao anunciar o pedido, Netanyahu mencionou a pressão norte-americana.

“O presidente Trump pediu um fim imediato ao processo, para que juntos pudéssemos avançar interesses vitais compartilhados entre Israel e os Estados Unidos durante uma janela que pode não se repetir”, disse o premiê.

Na segunda-feira (1º), os dois conversaram por telefone. Segundo o gabinete do premiê, eles discutiram o pedido de indulto e Trump convidou Netanyahu para uma reunião na Casa Branca.

Esses movimentos são parte de uma aproximação estratégica entre Netanyahu e Trump, que também se articula em torno da guerra em Gaza e de negociações regionais sobre segurança e acordos diplomáticos.

O telefonema ocorreu horas depois de Trump usar sua rede Truth Social para defender que Israel adote uma postura “diplomática” em relação à Síria.

Fuga Judicial

Oposição fala em abuso de poder e vê tentativa de fuga judicial

Partidos opositores reagiram com críticas ao pedido de Netanyahu. O líder do Partido Democrata, Yair Golan, afirmou que “só os culpados pedem perdão”. Ele disse que o julgamento não desmoronou ao longo de oito anos e que o premiê tenta escapar de uma eventual condenação sem assumir responsabilidade.

Yair Lapid 

Marcha de Jubilados al Congreso Marcha de Jubilados al Congreso (Alejandra Morasano)

Movimento pela Qualidade do Governo

Grupos civis e familiares de vítimas dos ataques de 7 de outubro também criticam o movimento.

O Movimento pela Qualidade do Governo em Israel afirmou que um perdão no meio do processo seria um “golpe mortal ao Estado de Direito”.

Shikma Bressler

A ativista Shikma Bressler declarou que Netanyahu pede “que seu julgamento seja cancelado sem assumir qualquer responsabilidade” e que o país enfrenta “o futuro de sua democracia”.

Famílias de reféns e vítimas do ataque do Hamas expressaram indignação. Einav Zangauker, mãe do ex-refém Matan Zangauker, prometeu que Netanyahu “não será perdoado sob sua supervisão”.

Ela disse que o premiê busca “evadir responsabilidade e punição, tudo em nome de permanecer no poder”.

Após o anúncio do pedido, milhares de pessoas protestaram em Tel Aviv. Manifestantes utilizaram máscaras de Netanyahu e Herzog, macacões de presidiário laranja e realizaram encenações com bananas empilhadas, criticando o teor político do indulto.

Movimento Irmãos de Armas

O movimento Irmãos de Armas afirmou que Netanyahu tenta “fugir do julgamento sob o disfarce de preocupação nacional” e que “quem dividiu o país por vinte anos não o unirá agora”.

Pesquisas mostram que o país está dividido. Levantamento da TV Kan indica que 43 por cento dos israelenses são contra o perdão e 38 por cento são favoráveis. Entre eleitores árabes, 69 por cento rejeitam a medida. Já entre eleitores do Likud, partido de Netanyahu, o apoio chega a 72 por cento.

Suprema Corte

Presidente Herzog será pressionado por semanas; Suprema Corte pode barrar decisão.

Apesar do cargo cerimonial, o presidente de Israel tem autoridade constitucional para conceder perdões. No entanto, especialistas afirmam que um indulto antecipado dificilmente resistiria ao escrutínio da Suprema Corte.

O tribunal poderia entender que o perdão viola o princípio de igualdade perante a lei e que Netanyahu não preenche critérios mínimos, como assumir responsabilidade.

Herzog indicou que não pretende agir com rapidez. Pareceres da Divisão de Indultos do ministério da Justiça devem ser produzidos nas próximas semanas. A análise pode levar até dois meses.

Caso o presidente decida conceder o indulto, a assinatura do ministro da Justiça será necessária. A Procuradoria-Geral do Estado também deve se manifestar.

Nos bastidores, interlocutores do governo e da oposição discutem a possibilidade de um acordo que inclui abrir uma comissão de inquérito sobre as falhas de 7 de outubro e suspender partes da reforma judicial promovida pela coalizão de direita.

Parlamentares dizem que nenhum avanço será possível se Netanyahu insistir em permanecer no cargo enquanto busca encerrar seu próprio julgamento.

Bibi Netanyahu

Netanyahu participou de nova audiência nesta segunda-feira. Ele discutiu com a promotora Yehudit Tirosh, que o acusou de ter mentido ao negar que deu entrevistas ao portal Walla. O premiê respondeu que a promotora “mentiu ao longo de todo esse processo”. O Caso 4000 segue como o eixo mais sensível da acusação.

O trabalho do tribunal ocorre paralelamente ao conflito em Gaza, onde mais de 68 mil palestinos foram mortos, segundo autoridades locais.

A condução da guerra se tornou parte dos cálculos políticos. Analistas apontam que Netanyahu enfrenta pressão para permanecer no poder, uma vez que mandados de prisão internacional foram emitidos contra ele e seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant pelo Tribunal Penal Internacional, em novembro de 2024.

Enquanto o processo avança, cresce a percepção de que o pedido de indulto é menos um gesto jurídico e mais uma tentativa de sobrevivência política.

Sem admitir culpa e Sem se afastar do cargo

No centro do debate está a pergunta sobre se o presidente Herzog permitirá que um primeiro-ministro em exercício encerre seu julgamento sem admitir culpa e sem se afastar do cargo, algo sem paralelo na história do país.

Lucas Toth

 

PS do Colaborador:

Fotoarte: “INDULTO?”

 

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